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Stan Getz e João Gilberto - Getz/Gilberto | 1964


Álbum: Getz/Gilberto
Artista: Stan Getz e João GIlberto
Ano: 1964
Gravadora: Verve Records
Produtor: Creed Taylor
Arranjo: Tom Jobim

Músicos participantes
  • Voz: João Gilberto, Astrub Gilberto
  • João Gilberto: Violão 
  • Tom Jobim: Piano
  • Stan Getz: Saxofone Tenor
  • Milton Banana: Bateria
  • Sebastião Neto: Baixo
  • Tommy Williams: Contrabaixo
Prêmio conquistados
  • Grammy de Melhor Álbum do Ano 
  • Melhor Disco de Jazz
  • Melhor Arranjo Não Clássico
  • Grammy de Melhor Gravação do Ano para a canção "The Girl from Ipanema" 
Informações
  • Player com as músicas do disco está disponível logo após as faixas.
  • Todos os prêmios foram conquistados no ano de 1965.
  • Ao ouvir o álbum completo nota-se que existem duas faixas adicionais que não foram postas separadamente: Garota de Ipanema (The Girl From Ipanema)Corcovado (Quiet Nights Of Quiets Stars). São versões das músicas de maneira resumida, somente com a  voz de Astrud Gilberto.
Faixas

1) Garota de Ipanema (The Girl From Ipanema)
(Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Norman Gimbel)


2) Doralice
(Antônio Almeida, Dorival Caymmi)


3) Para machucar meu coração
(Ary Barroso)


4) Desafinado
(Newton Mendonça, Tom Jobim)


5) Corcovado (Quiet Nights Of Quiets Stars)
(Tom Jobim, Gene Lees)


6) Só danço samba
(Tom Jobim, Vinicius de Moraes)


7) O grande amor
(Tom Jobim, Vinicius de Moraes)


8) Vivo sonhando 
(Tom Jobim)


Aperte play para ouvir todo o disco ou toque no nome da faixa que deseja ouvi.

"Getz/Gilberto" por Claudio Carvalho:

Me sinto muito confortável ao falar deste álbum pois é um dos que mais ouvi e também é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores da história da música. Getz/Gilberto é o encontro de grandes personalidades da música num único trabalho que traz alguns dos pais da Bossa Nova (Tom e João Gilberto) e um mostro do Jazz (Getz). Para mim, está obra é a que mais retrata o "casamento" da bossa nova com o Jazz.
Cabe destacar as atuações de gala de Tommy Williams, Milton Banana e Tião Neto que conseguiram com maestria igualar a genialidade dos demais que estavam neste absurdo conjunto de músicos, fazendo apresentações geniais, 'cada um na sua posição'. Uma sublime educação musical que faz com que todos os instrumentos tenham seu momento, sua hora de brilhar e trazer suavidade e encanto aos ouvidos de quem tem a oportunidade de ouvir.
Escrevo este texto agora ao som desta mágica da música que me parece melhor a cada vez que ouço. A cada ano que passa, tal qual um bom Whisky, fica melhor...
Espero que gostem !
Grande Abraço !


Gostaria de compartilhar também o artigo do jornalista Leonardo Lichote, escrito na página online do jornal O Globo. Um interessante texto que traz a perspectiva de outros músicos acerca desta obra.

"Disco 'Getz/ Gilberto' completa 50 anos e se mantém influente
Álbum que reuniu João Gilberto, Stan Getz e Tom Jobim consolidou a bossa nova no mundo, disputando atenções e prêmios com os Beatles

          No bilhete, o baixista Tião Neto mandava notícias (“news quentinhas”, como chamou) dos músicos brasileiros em Nova York: “Estamos gravando dia e noite. Eu, por exemplo, gravei para a Verve um LP de b.n. (bossa nova) , em companhia de Stan Getz, João Gilberto, Tom Jobim e Milton Banana. Embora minha opinião seja suspeita, acho que o disco vai ser o melhor de b.n. internacional gravado até hoje”. O texto, publicado em 11 de abril de 1963 na coluna “O GLOBO nos discos populares”, deste jornal, fazia referência a “Getz/ Gilberto”, gravado um mês antes e lançado no ano seguinte — Tião não citara a participação de Astrud Gilberto. Mais que uma “opinião suspeita”, o relato atestava a sensibilidade de seu autor em identificar no álbum, gravado há 50 anos, um clássico — desde o lançamento, louvado por músicos de jazz e aclamada pelo público em geral, acumulando Grammys e semanas nas parada de sucessos, mantendo-se influente até hoje.

Perdido na tradução

João Gilberto parecia não concordar. Na mesma coluna, em 30 de março de 1964, uma nota afirmava, grafando errado seu nome: “João Alberto não gostou de seu LP da Verve com Stan Getz. Disse que, se pudesse, embargaria o lançamento do micro...”. No livro “Chega de saudade”, Ruy Castro conta que os dois tinham dificuldade em concordar sobre qual era o melhor take entre os gravados — e muitas vezes o produtor Creed Taylor tinha que dar o voto do desempate. Nesse ambiente, o encontro rendeu, além de um grande disco, um diálogo histórico, com Tom Jobim como intérprete. João pediu: “Tom, diga a esse gringo que ele é um burro”. Tom, para Getz: “Stan, o João está dizendo que o sonho dele sempre foi gravar com você”. Mais tarde, o brasileiro reclamaria também da equalização do disco, que fez o saxofone soar mais alto.

João Donato, porém, lembra que seu xará, pouco depois da gravação, mostrava-se empolgado com o encontro:

— Logo depois, fomos fazer uma temporada de oito semanas na Itália, eu, João Gilberto, Tião Neto e Milton Banana. Eles falavam animados da gravação com Getz, João me contou que tinha gravado com ele uma música chamada “Garota de Ipanema”, que eu não conhecia. Ele me mostrou ali — recorda Donato, amante do jazz que apresentou a música de Getz a João Gilberto.

Bev Getz, filha do saxofonista, conta que seu pai sempre se referiu com carinho ao fato de ter cruzado caminhos com os brasileiros:

— Ele adorou ter trabalhado com Tom Jobim e João Gilberto. Sentiu que houve uma compreensão profunda e instantânea entre eles, baseada na música que estavam criando juntos — conta ela, que atualmente procura João Gilberto, que conheceu quando era criança, para conversar sobre suas memórias da reunião entre ele, Tom e Getz.

A música se mantém influente. O jovem saxofonista americano Mike Tucker é testemunha disso. No Rio para apresentar um show-tributo ao disco (ontem ele tocou no Vizta, na próxima sexta-feira estará no TribOz), ele afirma que a importância do álbum é evidente no jazz, mas vai além de suas fronteiras.

— Como saxofonista, posso dizer que eu e muitos de meus colegas fomos direta ou indiretamente influenciados por Stan Getz. Não há um único músico americano de jazz que eu conheça que não tenha ouvido esse disco. Os mais recentes desenvolvimentos do jazz se deram pelo cruzamento com outros gêneros de música pelo mundo. E esse disco foi a primeira tentativa bem-sucedida disso — defende, citando exemplos. — Tenho tocado com uma artista americana e uma banda brasileira que estão fazendo exatamente isso. Quando estava trabalhando com Esperanza Spalding, ela tentava adaptar obras de Milton Nascimento e Hermeto Pascoal ao seu conceito artístico único. E a banda Bamboo está misturando diferentes estilos e ritmos brasileiros e adaptando-os para a harmonia do jazz americano. Esperanza e Bamboo são dois exemplos, vindos de direções opostas, de como o disco ainda é relevante hoje.

A reunião dos músicos — o sax de Getz, o violão e a voz de João, o piano de Tom, o canto de Astrud, a bateria de Milton Banana e o baixo de Tião Neto (que por anos foi “apagado” da ficha técnica do disco, substituído por Tommy Williams) — foi registrada sem muita atenção pela imprensa brasileira na época, que pouco antes acusara quase em uníssono o “fracasso” do concerto de bossa nova no Carnegie Hall em 1962. A própria Verve não parecia entusiasmada com o álbum, que manteve por um ano na gaveta.

‘Você vai ter uma surpresa’

Quando o disco enfim saiu (junto com o single de “The girl from Ipanema”, em versão reduzida, sem os vocais de João, que originalmente gravara um dueto com Astrud) e começou a vender milhões, a atenção imediata foi para a voz feminina que estava ali. Astrud nunca gravara nada antes, apesar de cantar em encontros musicais e de ter se apresentado na histórica “Noite do amor, do sorriso e da flor”, em 1960.

Ruy Castro, ainda em “Chega de saudade”, conta que Astrud insistiu para estar no disco — além de “The girl from Ipanema”, ela canta “Corcovado”. A cantora, que ganhou US$ 120 pela gravação (a tabela do sindicato), dá outra versão em seu site. A ideia teria sido de João: “Um dia, poucas horas antes de Stan Getz vir ao nosso hotel em Nova York para um ensaio com João, ele me disse com um ar de mistério: ‘Hoje você vai ter uma surpresa.’” Mais tarde, quando tocava “Garota de Ipanema” com o saxofonista, João teria casualmente chamado a mulher para cantar uma parte em inglês. “Quando terminamos, João virou para Stan e disse (em inglês de Tarzan) algo tipo: ‘Amanhã Astrud canta no disco... o que você acha?’. Stan foi muito receptivo, disse que era uma ótima ideia”, ela conta.

Fosse de quem fosse, a sugestão puxou o disco e rendeu a Astrud, além de enorme popularidade, um Grammy — melhor gravação (ao lado de Getz) e uma indicação (ao lado de Tom) como Revelação. Perdeu para os Beatles."
Link de acesso à página: https://oglobo.globo.com/cultura/disco-getz-gilberto-completa-50-anos-se-mantem-influente-7599249

Para saber mais sobre os músicos clique sobre os nomes abaixo:
Baixe o disco clicando no link ao lado: Getz/Gilberto (OBS: Caso não haja visualização da pasta com as faixas, clique em Download e depois em Fazer download mesmo assim)

Referências
  • https://oglobo.globo.com/cultura/disco-getz-gilberto-completa-50-anos-se-mantem-influente-7599249
  • https://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/ha-50-anos-era-gravado-getzgilberto-o-lp-que-colocou-o-brasil-no-mapa-azyprk2lwl6vdp6b8crf8vrym/
  • https://www.discogs.com/pt_BR/Stan-Getz-Jo%C3%A3o-Gilberto-Featuring-Antonio-Carlos-Jobim-Getz-Gilberto/release/2244709
Colaboradores:
Web Interface: Felipe Kogati, Leonardo Honório

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