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Elis Regina e Tom Jobim - Elis & Tom | 1974


Álbum: Elis & Tom
Artista: Elis Regina e Tom Jobim
Ano: 1974
Gravadora: Phonogram/Philips
Arranjo: Tom Jobim, César Camargo Mariano
Produção: Aloysio de Oliveira

Músicos participantes
  • Bill Hitchcock : Regência Instrumental
  • Hubert Laws: Flauta
  • Jerome Richardson: Flauta
  • Tom Jobim: Piano, Piano Elétrico
  • César Camargo Mariano: Piano, Piano Elétrico
  • Oscar Castro Neves: Violão
  • Hélio Delmiro: Violão, Guitarra
  • Luizão Maia: Baixo Elétrico
  • Paulinho Braga: Bateria
  • Chico Batera: Bateria, Percussão
Informações
  • Player com as músicas do disco está disponível logo após as faixas.

Faixas

1) Águas de Março 
(Tom Jobim)


2) Pois é 
(Tom Jobim/Chico Buarque)


3) Só Tinha de Ser com Você 
(Tom Jobim/Aloysio de Oliveira)


4) Modinha 
(Tom Jobim/Vinícius de Moraes)


5) Triste 
(Tom Jobim)


6) Corcovado 
(Tom Jobim)


7) O Que Tinha de Ser 
(Tom Jobim/Vinícius de Moraes)


8) Retrato em Branco e Preto 
(Tom Jobim/Vinícius de Moraes/Chico Buarque)


9) Brigas, Nunca Mais 
(Tom Jobim/Vinícius de Moraes)


10) Por Toda Minha Vida 
(Tom Jobim/Vinícius de Moraes)


11) Fotografia 
(Tom Jobim)


12) Soneto de Separação 
(Tom Jobim/Vinícius de Moraes)


13) Chovendo na Roseira 
(Tom Jobim)


14) Inútil Paisagem 
(Tom Jobim/Aloysio de Oliveira)


Aperte play para ouvir todo o disco ou toque no nome da faixa que deseja ouvi.

Gostaria de compartilhar um belo texto que abrange um pouco da história deste FANTÁSTICO álbum, trazendo informações bem legais. Infelizmente não consegui descobrir o autor do texto.

" Se quisesse, Elis Regina poderia ter antecipado para 1974 a era em que as gravadoras presenteavam os artistas com carros importados, apartamentos, dólares e outros mimos por boas vendagens, para renovar contratos ou comemorar aniversários. A pergunta de André Midani estava no ar: o que Elis queria receber de presente por seus dez anos de gravadora? A resposta foi rápida e direta: um disco em duo com Antonio Carlos Jobim e exclusivamente com suas canções. Apesar da cena Aladdin & a lâmpada configurada, o pedido de Elis não seria exatamente uma ordem fácil de executar por sua gravadora. 

A se julgar pelo memorável resultado final não seria um exagero considerar que Elis & Tom – o encontro do melhor compositor com a melhor cantora em um disco de estúdio - seria uma espécie de comunhão entre Deuses da MPB. Essa avaliação nos induz a imaginar que os dois estariam cravados no mesmo grau de desenvolvimento e conquistas em suas carreiras, mas a realidade não era exatamente essa.

Aos 29 anos incompletos, 15 de carreira, Elis Regina por mérito próprio se tornara a maior cantora brasileira em atividade. Virtuose em técnica, precisa em afinação, agradável no timbre, fera na divisão, versátil em gêneros e extremamente hábil na escolha de repertório, Elis somava 19 discos lançados no Brasil, múltiplos sucessos emplacados e algumas incursões internacionais. 

Do outro lado do ringue, Tom Jobim em 74 era um jovem senhor de 47 anos que residia naquele momento nos EUA por opção e comodidade profissional. Figura de proa do único gênero brasileiro que conquistara o mundo, Tom a essa altura já tinha gravado, dirigido ou inspirado com sua obra mais de 22 discos dentro e fora do Brasil, gravara com Stan The Sound Getz e dividira dois discos com a lenda-viva Frank Sinatra. Dono do nome brasileiro mais conhecido da música depois de Carmen Miranda no mundo, Jobim tinha ainda na recordista “Garota de Ipanema” - vencedora do Grammy superando até os Beatles - uma das canções mais executadas e regravadas do planeta. Como se tudo isso não fosse o bastante para desequilibrar a balança, qual seria a razão que teria o Maestro para se deixar embalar para presente se sequer cogitara gravar um disco com Elis Regina? Ao contrário, dez anos antes a havia rejeitado para estrela do musical Pobre menina rica.  

Mais do que um sonho ou um presente, Elis & Tom seria mais um desafio a ser vencido pela Pimentinha.

Desde que o projeto fora aceito pela gravadora, Elis e seu marido, diretor musical e tecladista César Camargo Mariano ficaram meses dormindo com a ideia. Já Tom levou apenas alguns dias apenas considerando a proposta até dizer sim, mesmo sem ser informado de maiores detalhes.

O produtor, parceiro de Tom e ex-integrante do Bando da Lua de Carmen Miranda, Aloysio de Oliveira foi estrategicamente convocado para tocar o projeto não só pela competência, mas pela proximidade com Jobim e por ter larga experiência no exterior.

O mundo ideal em termos orçamentários seria que Tom viesse ao Brasil para gravar, mas não conseguiram fazer Maomé vir à montanha. Num misto de resignação e êxtase, César e Elis embarcaram para Los Angeles com montanhas de planos e frio na barriga, ladeira acima em direção ao primeiro looping em que se transformaria o encontro pré-gravação com Tom. Os músicos Luizão Maia (baixo), Paulinho Braga (bateria) e Hélio Delmiro (guitarra) deixariam o Brasil no dia seguinte para formar a base das sessões de gravação. Billl Hitchcock foi alistado por Aloysio para escrever para cordas em cinco faixas e o resto dos arranjos ficaria por conta de César Camargo Mariano. Tudo estaria perfeito, não fosse o fato de Tom Jobim, o outro artista do disco, desconhecer completamente tudo isso.   

Não podendo ser de outra forma, o clima do encontro em LA começou muito tenso. O Maestro não conseguia entender porque trazer músicos brasileiros se havia tantos excelentes por lá e mais, não concordava com que César Camargo Mariano escrevesse os arranjos (muito menos com o uso de piano elétrico nas gravações) e telefonou imediatamente para Claus Orgeman e Dave Grusin que para sorte de Elis e César, não estavam disponíveis assim tão em cima da hora para esse maestro delivery à brasileira. O grande e generoso Antonio Carlos Jobim não teve outro jeito senão se conformar com a situação.

As gravações tiveram lugar nos estúdios MGM de Los Angeles entre os dias 22 de fevereiro e 9 de março de 1974 – em pleno inferno astral da cantora que completaria 29 anos oito dias após terminadas as sessões de Elis & Tom.

Talvez por isso ela tenha escrito no encarte: “Nos meus dez anos de gravadora, ganhei de presente um encontro com Tom. Foram momentos vividos por duas pessoas muito tensas, que só conseguem descontrair através da música...”

E foi assim que aconteceu. Quando arregaçaram as mangas pra trabalhar todo o constrangimento e tensão se diluíram. Elis colocou voz praticamente ao vivo, sem necessidade de refazer takes, como já era costumeiro. Tom gravou seu piano e violão nos mesmos primeiros quatro dias em que o quinteto de cordas foi captado. Em seguida César e Aloysio se encarregaram de gravar as bases com os músicos brasileiros - acostumados a tocar juntos desde o início dos anos 70 – junto com o violão primoroso de Oscar Castro Neves.

Trinta e seis anos depois, ao escutar as 14 faixas do álbum e contemplar o sorriso de Elis e a expressão viva de Tom e seus óculos de leitura na capa, é difícil imaginar que de tanta tensão pudesse surgir uma obra-prima como Elis & Tom.

Para o Maestro, depois do susto, ficou a simpatia pelo projeto demonstrada num telefonema feito a César Camargo Mariano. Para Elis, seu melhor trabalho e o único em que ouvia sua voz com prazer. Para nós, pobres mortais, um verdadeiro presente para todos os aniversários de nossas vidas."
Texto do site http://immub.org


Para saber mais sobre Elis Regina e Tom Jobim, acesse:
Baixe o disco clicando no link ao lado: Elis & Tom (OBS: Caso não haja visualização da pasta com as faixas, clique em Download e depois em Fazer download mesmo assim
Referências
  • https://www.tomjobim.com.ar/p/musicas-letras-de-tom-jobim.html
  • http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Disco=DI00117
  • https://pt.wikipedia.org/wiki/Elis_%26_Tom#Faixas
  • http://immub.org/noticias/elis-tom
  • http://rodrigomattar.grandepremio.com.br/2013/01/discos-eternos-elis-tom-1974/
Colaboradores:
Web Interface: Felipe Kogati, Leonardo Honório

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