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Destaque
Postado por
Claudio Carvalho
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Álbum: The Shape of Jazz to Come
Artista: Ornette Coleman - "
Ano: 1959
Gravadora: Atlantic Records
Músicos Participantes
- Ornette Coleman: Saxofone Alto
- Don Cherry: Trompete
- Charlie Haden: Baixo
- Billy Higgins: Bateria
Informações
- Player com as músicas do disco está disponível logo após as faixas.
- Site oficial: ornettecoleman.com
Faixas
1) Lonely Woman
(Ornette Coleman)
2) Eventually
(Ornette Coleman)
3) Peace
(Ornette Coleman)
4) Focus On Sanity
(Ornette Coleman)
5) Congeniality
(Ornette Coleman)
6) Chronology
(Ornette Coleman)
Aperte play para ouvir todo o disco ou toque no nome da faixa que deseja ouvi.
Gostaria de compartilhar com vocês o ótimo texto de Tiago Ferreira do maravilhoso site namiradogroove.com.br. Lá vai !
"G. ÁLBUNS: ORNETTE COLEMAN | THE SHAPE OF JAZZ TO COME (1959)
Um disco que arrebentou as estribeiras no jazz e provou-se influente até para músicos que revolucionaram o rock
Gravadora: Atlantic
Data de Lançamento: 22 de maio de 1959
Já se percebe que Ornette Coleman é um artista pretensioso logo pelo título de seus discos: Something Else (1958), Tomorrow is the Question (1959), Change of the Century… (1960) – só para citar os primeiros trabalhos.
Parece puro egocentrismo, mas cada disco é como um alvo mentalizado pelo próprio jazzista para renovar o gênero e levá-lo a lugares onde nem mesmo ele deve ter planejado antes de empunhar o saxofone.
The Shape of Jazz To Come é o maior exemplo de objetivo traçado.
Terceiro disco da carreira do saxofonista, The Shape of Jazz mostra o bem-sucedido encontro de Ornette com notas não-estabelecidas, que mais tarde seriam conhecidas como ‘harmlodics’, onde a harmonia entra em sintonia com a melodia num jogo estético que reprocessa blues, modal e, principalmente, o bebop de Charlie Parker, uma de suas maiores influências.
É a partir de faixas como “Focus On Sanity” e evidentemente em “Eventually” que foi estabelecido o avant-garde, gênero que assombrou os puristas no meio do jazz e influenciou posteriormente músicos como Captain Beefheart, Lou Reed e Scott Walker.
Partindo para o campo musical, o que se percebe são tentativas de levar os instrumentos para planos não-convencionais. Claro que isso exige virtuosismo além da técnica – e é aí que o ouvinte encontra os primeiros sentidos nos longos sopros de uma “Eventually” e pode se surpreender com a brincadeira feita em “Congeniality”, onde a banda ameaça começar a jam por diversas vezes até que a bateria de Billy Higgins impõe repentinas paradas. Em diversos momentos o compasso é ameaçado, deixando o ouvinte atônito: ‘o que vem aí? Explosão? Vão brincar com meus sentidos’. (Assim como Ornette, não há nada a dizer. Mas a pulsação vai por este caminho.)
Por mais que seja simples anunciar, chegar a The Shape of Jazz to Come não foi tão fácil. Ornette era um simples operário antes de entrar no meio musical. Tocou em bandas de R&B como Pee Wee Crayton e gravou o primeiro álbum como bandleader em 1957. Experimentador nato, encontrou no trompetista Don Cherry o parceiro perfeito para emoldurar notas que, em pouco espaço de tempo, dialogam entre si, se chocam, batem, atropelam e depois se encontram novamente. O ponto de partida e chegada era a tonalidade central.
Apesar de parecer mera bagunça ou virtuosismo desnecessário de músico para músico, The Shape of Jazz prova que é possível estabelecer uma nova direção musical e ainda assim causar, além do frisson, emoção. Coleman sabia disso, e foi sábio em escolher uma estrutura como a de “Lonely Woman”, uma balada de acordes ligeiramente fugidios, como primeira faixa do álbum para ambientar o ouvinte aos poucos.
Enquanto “Eventually” é pura explosão, “Peace” se encarrega de diminuir a tensão ao ensaiar um cool-jazz. Provavelmente incluir uma faixa dessas (linda, por sinal) era uma amostra de que Ornette Coleman tinha o controle das rédeas. Ele poderia ser um Stan Kenton ou partir para uma linha Kind of Blue se quisesse. No entanto, uma audição mais atenta clarifica as coisas: mesmo ali ele está imbuindo a melodia de improbabilidades nos acordes, ainda que seja de forma menos radical do que em outras faixas.
Para um artista que estava em início de carreira, assimilar o anterior de forma admirável era o primeiro passo para que críticos e aficionados entendessem aos poucos o ritmo e o contexto dessa mudança. Ornette Coleman colecionou alguns xingamentos e termos maledicentes como dono de ‘falsa arte’ após o lançamento de The Shape of Jazz.
Hoje em dia a importância deste disco é indubitável: chegou a influenciar grandiosos do gênero, como John Coltrane e Albert Ayler, ultrapassando até as barreiras do pop e do rock, que chegaram a assimilar o avant-garde para se reinventarem esteticamente com o passar dos anos."
Por Tiago Ferreira
Para saber mais sobre Ornette Coleman e sua banda, acesse:
Referências
Gostaria de compartilhar com vocês o ótimo texto de Tiago Ferreira do maravilhoso site namiradogroove.com.br. Lá vai !
"G. ÁLBUNS: ORNETTE COLEMAN | THE SHAPE OF JAZZ TO COME (1959)
Um disco que arrebentou as estribeiras no jazz e provou-se influente até para músicos que revolucionaram o rock
Gravadora: Atlantic
Data de Lançamento: 22 de maio de 1959
Já se percebe que Ornette Coleman é um artista pretensioso logo pelo título de seus discos: Something Else (1958), Tomorrow is the Question (1959), Change of the Century… (1960) – só para citar os primeiros trabalhos.
Parece puro egocentrismo, mas cada disco é como um alvo mentalizado pelo próprio jazzista para renovar o gênero e levá-lo a lugares onde nem mesmo ele deve ter planejado antes de empunhar o saxofone.
The Shape of Jazz To Come é o maior exemplo de objetivo traçado.
Terceiro disco da carreira do saxofonista, The Shape of Jazz mostra o bem-sucedido encontro de Ornette com notas não-estabelecidas, que mais tarde seriam conhecidas como ‘harmlodics’, onde a harmonia entra em sintonia com a melodia num jogo estético que reprocessa blues, modal e, principalmente, o bebop de Charlie Parker, uma de suas maiores influências.
É a partir de faixas como “Focus On Sanity” e evidentemente em “Eventually” que foi estabelecido o avant-garde, gênero que assombrou os puristas no meio do jazz e influenciou posteriormente músicos como Captain Beefheart, Lou Reed e Scott Walker.
Partindo para o campo musical, o que se percebe são tentativas de levar os instrumentos para planos não-convencionais. Claro que isso exige virtuosismo além da técnica – e é aí que o ouvinte encontra os primeiros sentidos nos longos sopros de uma “Eventually” e pode se surpreender com a brincadeira feita em “Congeniality”, onde a banda ameaça começar a jam por diversas vezes até que a bateria de Billy Higgins impõe repentinas paradas. Em diversos momentos o compasso é ameaçado, deixando o ouvinte atônito: ‘o que vem aí? Explosão? Vão brincar com meus sentidos’. (Assim como Ornette, não há nada a dizer. Mas a pulsação vai por este caminho.)
Por mais que seja simples anunciar, chegar a The Shape of Jazz to Come não foi tão fácil. Ornette era um simples operário antes de entrar no meio musical. Tocou em bandas de R&B como Pee Wee Crayton e gravou o primeiro álbum como bandleader em 1957. Experimentador nato, encontrou no trompetista Don Cherry o parceiro perfeito para emoldurar notas que, em pouco espaço de tempo, dialogam entre si, se chocam, batem, atropelam e depois se encontram novamente. O ponto de partida e chegada era a tonalidade central.
Apesar de parecer mera bagunça ou virtuosismo desnecessário de músico para músico, The Shape of Jazz prova que é possível estabelecer uma nova direção musical e ainda assim causar, além do frisson, emoção. Coleman sabia disso, e foi sábio em escolher uma estrutura como a de “Lonely Woman”, uma balada de acordes ligeiramente fugidios, como primeira faixa do álbum para ambientar o ouvinte aos poucos.
Enquanto “Eventually” é pura explosão, “Peace” se encarrega de diminuir a tensão ao ensaiar um cool-jazz. Provavelmente incluir uma faixa dessas (linda, por sinal) era uma amostra de que Ornette Coleman tinha o controle das rédeas. Ele poderia ser um Stan Kenton ou partir para uma linha Kind of Blue se quisesse. No entanto, uma audição mais atenta clarifica as coisas: mesmo ali ele está imbuindo a melodia de improbabilidades nos acordes, ainda que seja de forma menos radical do que em outras faixas.
Para um artista que estava em início de carreira, assimilar o anterior de forma admirável era o primeiro passo para que críticos e aficionados entendessem aos poucos o ritmo e o contexto dessa mudança. Ornette Coleman colecionou alguns xingamentos e termos maledicentes como dono de ‘falsa arte’ após o lançamento de The Shape of Jazz.
Hoje em dia a importância deste disco é indubitável: chegou a influenciar grandiosos do gênero, como John Coltrane e Albert Ayler, ultrapassando até as barreiras do pop e do rock, que chegaram a assimilar o avant-garde para se reinventarem esteticamente com o passar dos anos."
Por Tiago Ferreira
Para saber mais sobre Ornette Coleman e sua banda, acesse:
Baixe o disco clicando no link ao lado: The Shape of Jazz to Come (OBS: Caso não haja visualização da pasta com as faixas, clique em Download e depois em Fazer download mesmo assim)
- http://oserdamusica.blogspot.com/search
- https://williesaid.blogspot.com/2017/09/ornette-coleman-shape-of-jazz-to-come.html
- https://namiradogroove.com.br/blog/grandes-albuns/ornette-coleman_the-shape-of-jazz-to-come-1959
- http://www.sopedradamusical.com/rip-ornette-coleman-the-shape-of-jazz-to-come-1959-free-jazz-1960-change-of-the-century-1960/
- https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Shape_of_Jazz_to_Come
- https://www.allmusic.com/album/the-shape-of-jazz-to-come-mw0000187968/credits
- https://www.discogs.com/Ornette-Coleman-The-Shape-Of-Jazz-To-Come/release/488973
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