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Candeia, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho & Guilherme de Brito - Quatro Grandes do Samba | 1977


Álbum: Quatro Grandes do Samba
Artista: Candeia, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito
Ano: 1977
Gravadora: RCA Vitor 
Arranjo: Luiz Roberto 
Direção: Jorge Santos
Músicos Participantes
  • Candeia: Percussão
  • Élton Medeiros: Percussão
  • Nelson Cavaquinho: Violão
  • Guilherme de Brito: Violão
Conjunto Nosso Samba
  • Carlinhos: Cavaquinho)
  • Gordinho: Surdo
  • Nô: Cuíca, Pandeiro
  • Barbosa: Reco-Reco
  • Genaro: Agogô
Participação Especial:
  • Dona Ivone Lara
Informações
  • Player com as músicas do disco está disponível logo após as faixas.
  • Não encontrei os demais músicos participantes (se é que existem) do disco.

Faixas

1) Não Vem (Assim Não Dá) - Cantam: Candeia/Nelson/Elton/Guilherme
(Candeia) 


2) Sem Ilusão - Canta: Elton Medeiros
(Élton Medeiros/Antônio Valente)


3) Notícia - Canta: Nelson Cavaquinho
(Nelson Cavaquinho/Alcides Caminha/Nourival Bahia)


4) Pot-Pourri - Canta Guilherme de Brito
A Flor E O Espinho
(Nelson Cavaquinho/Alcides Caminha/Guilherme de Brito)

Quando Eu Me Chamar Saudade
(Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)

5) Amor Perfeito - Canta Nelson Cavaquinho
(Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)


6) Gotas de Luar - Canta Guilherme de Brito
(Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)


7) Sou Mais o Samba - Cantam: Candeia/Dona Ivone Lara
(Candeia) 


8) A Vida - Canta Guilherme de Brito
(Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)


9) Não É Só Você - Canta Nelson Cavaquinho
(Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)


10) Chove e Não Molha - Canta Elton Medeiros
(Élton Medeiros/Joacyr Santana)


11) Expressão do Teu Olhar - Canta Candeia
(Candeia)


12) Rita Maloca - Canta Elton Medeiros
(Élton Medeiros)


Aperte play para ouvir todo o disco ou toque no nome da faixa que deseja ouvi.

Gostaria de compartilhar com vocês o ótimo texto de contracapa do álbum, escrito por Moacyr Andrade.

"Na definição do produtor Jorge Santos, este é um disco documental. E -acrescentamos- reparador, pois se reúne quatro legítimos artistas do povo em instantes diversos e certamente muito representativos de sua criação, também com certeza provocará esta indagação desdobrada: Como se explica que Nelson Cavaquinho, que já no início dos anos 40 via o sucesso de seu memorável Rugas gravado na voz de Ciro Monteiro, só em 1966 tenha visto um disco exclusivo de músicas suas ? Como pode que Candeia e Elton Medeiros, que respectivamente em 1953 e 1954 já traziam para a Avenida com suas escolas - a Portela e a Aprendizes de Lucas - dois clássicos do samba-enredo (Seis Datas Magnas e Exaltação à São Paulo), só quase 20 anos depois, em 1970 e 1973, tenham conseguido gravar seu primeiro LP individual? E porque só agora, aos 55 anos e já avô, Guilherme de Brito pode registrar pela primeira vez na integra - exatamente neste disco - exemplos de uma riqueza poética da qual já não cabia duvidar há mais de duas décadas, quando, pela voz de Augusto Calheiros, ele se tornou um compositor gravado?

Escrevemos acima que estamos diante de quatro artistas do povo. Poucas vezes essa caracterização terá sido tão justa. Candeia(Antônio Candeia Filho é quase uma síntese dos ritmos afro-brasileiro. Com nada menos que sete sambas-enredo escolhidos para o desfile da Portela, cultiva desde a meninice em Oswaldo Cruz também o jongo, o maculelé, o caxambu, que oferece agora em Coelho Neto aos frequentadores da Quilombo, escola que fundou para defender-se-e ao samba- da deterioração turística. Elton (Elton Antônio de Medeiros) também pertence ao núcleo de resistência que se entrincheirou na Quilombo na hora zero e ao, fundá-la, estava fundando a sua terceira escola de samba, pois foi dos mais ativos integrantes dos grupos que deram origem a Tupi de Brás de Pina e à Unidos de Lucas. É talvez, aqui, o sambista de mais vasto currículo. Nelson Cavaquinho (Nelson Antônio da Silva) é um patrimônio da cultura da cidade, que o ama e-toda- o conhece até fisicamente: ele é o jogral carioca, irromper a qualquer hora no botequim, uma risca de sangue no olho esbugalhado, o cabelo branco de pureza, a exalar poesia no rosto e no violão. Guilherme de Brito é um homem tão fiel ao que faz que só teve, a vida inteira, um único emprego: Entrou para a famosa Casa Édson, a gravadora pioneira, como boy, e de lá saiu aposentado, como mecânico de máquinas de calcular. É também um poeta tão desprendido que jamais reclamou de atribuírem a seu parceiro e compadre Nelson Cavaquinho os seus versos mais conhecidos: "Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor". Além disso, é como este disco prova, um excelente cantor.

Candeia está aqui com um partido alto - "Assim não dá" - no qual dá oportunidade a seus três companheiros de improvisar; Com um samba tradicional inédito, de produção recente (Expressão do Teu Olhar); e, ao lado de Dona Ivone Lara, a "Grande Dama das Escolas", com um recado - Sou mais o samba - aos jovens que um novo modismo importado, um "tal de soul", pretende envolver. Essa faixa que abre o lado B, é uma advertência contra a brasilidade descaracterizada e Candeia faz questão de dizer que, quando afirma que não é africano, não está negando origens: para ele, "o negro brasileiro é maior herdeiro da cultura africana". Sua interpretação é criativa e solta. Ele canta como se estivesse em casa, com amigos. "No estúdio como na Quilombo" - como ele mesmo diz.

Elton canta inicialmente "Sem Ilusão", dele e do jovem compositor Antônio Valeste, um samba no qual sua lúcida consciência crítica reafirma por que não participa mais, desde 1968, do show plástico em que estão transformando, a cada ano um pouco mais, o desfile das escolas. Depois, em "Chove não Molha", um samba de terreiro ("Um samba de quadra como se diz hoje"), feito com seu velho amigo e parceiro Joacyr Santana dos tempos da Aprendizes de Lucas, evoca sua formação de sambista nas escolas de outra época. Finalmente em Rita Maloca, um samba sincopado, homenagem a um mestre do gênero: Geraldo Pereira. O primeiro a induzi-lo a profissionalizar-se.

Nelson inicia sua participação com o clássico "Notícia" e completa com duas produções novas: "Amor Perfeito" e "Não é só Você". Nas duas, suas mais recentres e maravilhosas variações sobre os temas que lhe são mais caros: A flor, a mulher, a saudade, a mocidade esvaindo-se.

Guilherme (Guilherme de Britto Boilhorst) pela primeira vez tem oportunidade de gravar ele mesmo as letras inteiras de seus carros-chefes: "A Flor e o Espinho" e "Quando eu me Chamar Saudade". Canta ainda o mistério e a contradição básica da existência, em "A Vida", dedicado a seu neto recém-nascido, e fecha o disco com "Gotas de Luar", um pranto enfeitado por sua bela voz de seresteiro, na qual se pode constatar uma longínqua - e saudável - influência do Orlando Silva dos grandes tempos.
-  Moacyr Andrade

Para saber mais sobre estes monstros sagrados do samba, acesse:
Baixe o disco clicando no link ao lado: Quatro Grandes do Samba (OBS: Caso não haja visualização da pasta com as faixas, clique em Download e depois em Fazer download mesmo assim)

Referência
  • https://immub.org/album/quatro-grandes-do-samba-nelson-cavaquinho-candeia-guilherme-de-brito-e-elton-medeiros
  • http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Disco=DI03221
  • https://sambaderaiz.org/albuns/quatro-grandes-do-samba-1977-rca-victor/
  • http://sambadapesada.blogspot.com/2012/06/quatro-grandes-do-samba.html
  • http://dicionariompb.com.br/alcides-caminha/dados-artisticos
  • http://dicionariompb.com.br/conjunto-nosso-samba
  • http://dicionariompb.com.br/thelma-soares/dados-artisticos
Colaboradores:
Web Interface: Felipe Kogati, Leonardo Honório

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