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Postado por
Claudio Carvalho
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Álbum: A Dança da Solidão
Artista: Paulinho da Viola - "Paulo César Batista de Faria"
Ano: 1972
Gravadora: EMI-ODEON
Arranjos: Maestro Gaya
Produção: Milton Miranda
Direção: Maestro Gaya
Informações
- Player com as músicas do disco está disponível logo após as faixas.
- Infelizmente a ficha técnica não traz créditos aos músicos.
Faixas
1) Guardei Minha Viola
(Paulinho da Viola)
Letra
Guardei Minha Viola
Minha viola vai pro fundo do baú Não haverá mais ilusão Quero esquecer ela não deixa Alguém que só me fez ingratidão (Minha viola) No carnaval quero afastar As mágoas que meu samba não desfaz Pra facilitar o meu desejo Guardei meu violão, não toco maisPaulinho da Viola
2) Meu Mundo é Hoje
(José Batista/Wilson Batista)
Letra
Meu Mundo é Hoje
Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim. Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim. Meu mundo é hoje não existe amanhã pra mim Eu sou assim, assim morrerei um dia. Não levarei arrependimentos nem o peso da hipocrisia. Tenho pena daqueles que se agacham até o chão Enganando a si mesmo por dinheiro ou posição Nunca tomei parte desse enorme batalhão, Pois sei que além de flores, nada mais vai no caixãoJosé Batista/Wilson Batista
3) Papelão
(Geraldo das Neves)
Letra
Papelão
Veja que papel você está fazendo Pouco a pouco nossa amizade vai morrendo Deixando-me assim numa situação igual a esta Para minha inspiração Pra você um mês de festa Sei sofrer calado com bastante resignação Depois de tudo vamos ver quem tem razão Os dias foram passando E o amor se acabando E eu vivendo em completo abandono Foste infiel, demais cruel Meu coração hoje está sem dono Hora vejaGeraldo das Neves
4) Duas Horas da Manhã
(Ary Monteiro/Nelson Cavaquinho)
Letra
Duas Horas da Manhã
Duas horas da manhã, Contrariado espero pelo meu amor Vou subindo o morro sem alegria, Esperando que amanheça o dia Qual será o paradeiro daquela que até agora não voltou? Eu não sei se voltará, ou se ela me abandonou A minha esperança está morrendo E a saudade no meu peito vai crescendo Parece até que o coração me diz Sem ela, eu não serei felizAry Monteiro/Nelson Cavaquinho
5) Ironia
(Paulinho da Viola)
Letra
Ironia
Jogam pra mim Um sorriso de ironia Sabem que a minha alegria Terminou Quero fugir não consigo Sinto meu peito ferido Envolvido por esse amor Algo no meu rosto denuncia Que perdi minha alegria Meu amor me disse adeus Não sei como alguém fica contente Quando sabe que a gente Não esquece o que perdeuPaulinho da Viola
6) No Pagode do Vavá
(Paulinho da Viola)
Letra
No Pagode do Vavá
Domingo, lá na casa do Vavá Teve um tremendo pagode Que você não pode imaginar Provei do famoso feijão da Vicentina Só quem é da Portela é que sabe Que a coisa é divina Tinha gente de todo lugar No pagode do Vavá Nego tirava o sapato, ficava à vontade Comia com a mão Uma batida gostosa que tinha o nome De doce ilusão Vi muita nega bonita Fazer partideiro ficar esquecido Mas apesar do ciúme Nenhuma mulher ficou sem o marido Domingo, lá na casa do Vavá Teve um tremendo pagode Que você não pode imaginar Provei do famoso feijão da Vicentina Só quem é da Portela é que sabe Que a coisa é divina Tinha gente de todo lugar No pagode do Vavá Um assovio de bala Cortou o espaço e ninguém machucou Muito malandro corria Quando Elton Medeiros chegou Minha gente não fique apressada Que não há motivo pra ter correria Foi um nego que fez 13 pontos E ficou maluco de tanta alegriaPaulinho da Viola
7) Dança da Solidão
(Paulinho da Viola)
Letra
Dança da Solidão
Solidão é lava que cobre tudo Amargura em minha boca Sorri seus dentes de chumbo Solidão palavra cavada no coração Resignado e mudo No compasso da desilusão Desilusão, desilusão Danço eu dança você Na dança da solidão Desilusão, desilusão Danço eu dança você Na dança da solidão Camélia ficou viúva, Joana se apaixonou Maria tentou a morte, por causa do seu amor Meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado Desilusão, desilusão Danço eu dança você Na dança da solidão Desilusão, desilusão Danço eu dança você Na dança da solidão Quando vem a madrugada, meu pensamento vagueia Corro os dedos na viola, contemplando a lua cheia Apesar de tudo existe, uma fonte de água pura Quem beber daquela água não terá mais amargura Desilusão, desilusão Danço eu dança você Na dança da solidão Desilusão, desilusão Danço eu dança você Na dança da solidão Danço eu, dança você Na dança da solidão Danço eu, dança você Na dança da solidão Desilusão! Oh! Oh! Oh!Paulinho da Viola
8) Acontece
(Cartola)
Letra
Acontece
Esquece nosso amor, vê se esquece Porque tudo no mundo, acontece E acontece que já não sei mais amar Vai chorar, vai sofrer E você não merece Mas isso acontece Acontece que meu coração ficou frio E o nosso ninho de amor está vazio Se eu ainda pudesse fingir que te amo Ah, se eu pudesse Mas não quero Não devo fazê-lo Isso não aconteceCartola
9) Coração Imprudente
(Capinan/Paulinho da Viola)
Letra
Coração Imprudente
O quê que pode fazer Um coração machucado Senão cair no chorinho Bater devagarinho pra não ser notado E depois de ter chorado Retirar de mansinho De todo amor o espinho Profundamente deixado O que pode fazer Um coração imprudente Se não fugir um pouquinho De seu bater descuidado E depois de cair no chorinho Sofrer de novo o espinho Deixar doer novamenteCapinan/Paulinho da Viola
10) Orgulho
(Capinan/Paulinho da Viola)
Letra
Orgulho
Você passa dissipada Na fumaça de seu orgulho E os dias móveis carregam O móvel laqueado Não se usam mais os pés dourados Nem as promessas de um amor Ornamentado e vazio Um velho caminhão de mudanças some na fumaça Para onde você passa? Para onde as coisas passam? Quando o orgulho esmaga as asas O tempo é um pássaro de natureza vagaCapinan/Paulinho da Viola
11) Falso Moralista
(Nelson Sargento)
Letra
Falso Moralista
Você condena o que a moçada anda fazendo e não aceita o teatro de revista arte moderna pra você não vale nada e até vedete você diz não ser artista Você se julga um tanto bom e até perfeito Por qualquer coisa deita logo falação Mas eu conheço bem o seu defeito e não vou fazer segredo não Você é visto toda sexta no Joá e não é só no carnaval que vai pros bailes se acabar Fim de semana você deixa a companheira e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira Segunda-feira chega na repartição pede dispensa para ir ao oculista e vai curar sua ressaca simplesmente Você não passa de um falso moralistaNelson Sargento
12) Passado de Glória
(Monarco)
Letra
Passado de Glória
Portela, eu às vezes meditando, Quase acabo até chorando Que nem posso me lembrar Teus livros têm tantas páginas belas Se for falar da Portela, hoje não vou terminar A Mangueira de Cartola, velhos tempos do apogeu O Estácio de Ismael, dizendo que o samba era seu Em Oswaldo Cruz, bem perto de Madureira Todos só falavam Paulo Benjamin de Oliveira Paulo e Claudionor quando chegavam Na roda do samba abafavam Todos corriam pra ver Pra ver, se não me falha a memória No livro da nossa história tem conquistas a valer Juro que nem posso me lembrar Se for falar da Portela, hoje não vou terminarMonarco
Aperte play para ouvir todo o disco ou toque no nome da faixa que deseja ouvi.
Hoje é aniversário do grande mestre Paulinho e o #DiscosQueOuvi presta esta singela homenagem.
É só dar o play e começar a "dançar com a solidão" !
Divirtam-se !
#ParabénsPaulinho
#Paulinho76
Gostaria de compartilhar também este belo texto do rpblogging escrito por Renan Pereira. Lá vai !
"Paulinho da Viola foi um dos mais bem-sucedidos compositores do nosso país em uma época em que a música popular brasileira encontrava-se efervescente, apesar das dificuldades impostas pela censura. O início dos anos setenta, foi sem dúvida, um marco divisório para a nossa cultura, que ainda ecoando os sentimentos tropicalistas, ofereceu novas possibilidades estéticas para a nossa música. “Transa”, “Expresso 2222”, “Acabou Chorare”, a estreia dos Secos & Molhados… Se fossem citados todos os discos que, lançados naquela época, viriam a marcar para sempre o seu nome na história da música brasileira, este texto se estenderia demais. O fato é que, em meio a tanta produção, se destacar não era algo fácil. Mas Paulinho da Viola, com sua música classuda e inteligente, conseguiu tal feito – o que não chega a ser, na realidade, uma grande surpresa.
Paulo César Batista de Faria havia começado sua carreira como sambista ainda no início dos anos sessenta, mas foi apenas em 1968 que ele teve a oportunidade de lançar seu primeiro trabalho em carreira solo; sua estreia, o disco “Paulinho da Viola”, já mostrava que uma brilhante carreira ali se consolidava – o que acabou sendo comprovado pelos trabalhos que o sucederam.
Embora seja muito difícil apontar qual é o melhor álbum da carreira do sambista (“Foi um Rio que Passou em Minha Vida” é uma espécie de lugar-comum, talvez pelo êxito de sua faixa-título), estão em “Dança da Solidão” seus momentos mais íntimos e confessionais. É como se, em um único álbum, o músico deixasse fluir todos os seus sentimentos, motivado por uma constante que envolve todo o registro: a solidão. Ao contrário do trabalho de muitos sambistas da época (e até mesmo do que Paulinho havia feito até aquele momento), a musicalidade do disco não parece ter sido obtida ao redor de uma mesa de boteco; amparado por sua viola, Paulinho acaba nos entregando um registro que soa como se tivesse saído do cenário mais caseiro do sambista, fazendo o ouvinte criar na mente a constante imagem do artista, sentado em sua cama, a disparar todas as suas emoções através dos tocantes acordes de seu instrumento.
Mas os aspectos caseiros do registro não atingem a sua produção, que, acertada ao extremo, dá destaque maior à Paulinho e sua viola através de um som límpido, lapidado, capaz de tornar a capacidade rítmica do samba apenas um plano de fundo para as concepções desiludidas de Paulinho. Algumas faixas até podem trazer uma base mais alegre, com aspectos visivelmente festivos, mas, no fundo, apenas mostram apenas o compositor a tentar superar sua tristeza. Do início ao fim do registro, é a solidão que dá as caras.
Como um tenista que destrói a sua raquete quando não está feliz com o seu jogo, Paulinho da Viola não poupa, na primeira faixa do álbum, nem o instrumento que, de tão incorporado a si, ajuda a construir o seu nome artístico; “Guardei Minha Viola” é um acerto melódico e rítmico que mostra o compositor tomando medidas drásticas para tentar superar a desilusão amorosa. A lenta e íntima “Meu Mundo é Hoje (Eu Sou Assim)”, com belos lirismos, é um recado claro de que o artista não mudará suas convicções para ter um novo amor. A terceira, “Papelão”, é mais um convincente número que continua a escancarar, com ótimos arranjos, os sentimentos de um magoado e abandonado coração.
A poesia simples e triste de Nelson Cavaquinho marca sua presença na ótima releitura de “Duas Horas da Manhã”, um momento pra lá de dramático, perfeitamente inserido nos sentimentos doloridos do álbum. A quinta faixa, “Ironia”, mostra que o sofrimento pode ser acentuado através das recepções irônicas de terceiros, que só machucam ainda mais um peito já ferido. Uma faixa diferente do disco, que basicamente apenas retrata uma festa legítima dos morros cariocas, “No Pagode do Vavá” é um bem-vindo momento de diversão, apesar de um pouco deslocado, em meio a tantas canções tristes. A sétima canção é o clássico que, de forma perfeita, emprestou seu título ao álbum, sendo uma das mais brilhantes e famosas composições de Paulinho da Viola.
O grande Cartola foi um dos artistas que mais inspiraram Paulinho da Viola, e a presença de uma canção sua em um registro tão íntimo pode ser considerada uma prova disso; “Acontece” marca sua presença no álbum com uma veia poética bela e triste. A nona é a igualmente ótima “Coração Imprudente” que, perfeitamente produzida, acaba soando mórbida ao mostrar que há como retirar os espinhos do coração – mas apenas para ele voltar a doer novamente. “Orgulho” é mais uma canção de profunda melancolia, mostrando que ainda há como o álbum surpreender o ouvinte, utilizando versos ásperos, mas que em nenhum momento fazem Paulinho da Viola abandonar sua classe.
A formidável “Falso Moralista” é outra releitura perfeitamente inserida no disco, dessa vez utilizando uma composição de Nelson Sargento, com quem Paulinho já havia trabalhado nos anos sessenta, no projeto “A Voz do Morro”. A última, “Passado de Glória”, é uma homenagem repleta de saudosismos à escola de samba da Portela, soando nostálgica ao falar do carnaval de antigamente.
É incrível como Paulinho da Viola conseguiu elucidar as dores de um coração solitário com tanta classe. Utilizando bases rítmicas sólidas, melodias impregnantes e muito sentimento do início ao fim, o sambista tratou as tristezas de forma única, cantando-as de forma elegante e jovial, sem escorregar em desesperos que poderiam diminuir a qualidade de sua obra. Enfim, com tantos acertos, com tanta boa música, não há como não alocar o poético “A Dança da Solidão” entre os maiores clássicos da música brasileira, principalmente quando falamos dos mais íntimos e tristes sentimos."
Para saber um pouco mais sobre Paulinho da Viola, acesse o link abaixo:
É só dar o play e começar a "dançar com a solidão" !
Divirtam-se !
#ParabénsPaulinho
#Paulinho76
Gostaria de compartilhar também este belo texto do rpblogging escrito por Renan Pereira. Lá vai !
"Paulinho da Viola foi um dos mais bem-sucedidos compositores do nosso país em uma época em que a música popular brasileira encontrava-se efervescente, apesar das dificuldades impostas pela censura. O início dos anos setenta, foi sem dúvida, um marco divisório para a nossa cultura, que ainda ecoando os sentimentos tropicalistas, ofereceu novas possibilidades estéticas para a nossa música. “Transa”, “Expresso 2222”, “Acabou Chorare”, a estreia dos Secos & Molhados… Se fossem citados todos os discos que, lançados naquela época, viriam a marcar para sempre o seu nome na história da música brasileira, este texto se estenderia demais. O fato é que, em meio a tanta produção, se destacar não era algo fácil. Mas Paulinho da Viola, com sua música classuda e inteligente, conseguiu tal feito – o que não chega a ser, na realidade, uma grande surpresa.
Paulo César Batista de Faria havia começado sua carreira como sambista ainda no início dos anos sessenta, mas foi apenas em 1968 que ele teve a oportunidade de lançar seu primeiro trabalho em carreira solo; sua estreia, o disco “Paulinho da Viola”, já mostrava que uma brilhante carreira ali se consolidava – o que acabou sendo comprovado pelos trabalhos que o sucederam.
Embora seja muito difícil apontar qual é o melhor álbum da carreira do sambista (“Foi um Rio que Passou em Minha Vida” é uma espécie de lugar-comum, talvez pelo êxito de sua faixa-título), estão em “Dança da Solidão” seus momentos mais íntimos e confessionais. É como se, em um único álbum, o músico deixasse fluir todos os seus sentimentos, motivado por uma constante que envolve todo o registro: a solidão. Ao contrário do trabalho de muitos sambistas da época (e até mesmo do que Paulinho havia feito até aquele momento), a musicalidade do disco não parece ter sido obtida ao redor de uma mesa de boteco; amparado por sua viola, Paulinho acaba nos entregando um registro que soa como se tivesse saído do cenário mais caseiro do sambista, fazendo o ouvinte criar na mente a constante imagem do artista, sentado em sua cama, a disparar todas as suas emoções através dos tocantes acordes de seu instrumento.
Mas os aspectos caseiros do registro não atingem a sua produção, que, acertada ao extremo, dá destaque maior à Paulinho e sua viola através de um som límpido, lapidado, capaz de tornar a capacidade rítmica do samba apenas um plano de fundo para as concepções desiludidas de Paulinho. Algumas faixas até podem trazer uma base mais alegre, com aspectos visivelmente festivos, mas, no fundo, apenas mostram apenas o compositor a tentar superar sua tristeza. Do início ao fim do registro, é a solidão que dá as caras.
Como um tenista que destrói a sua raquete quando não está feliz com o seu jogo, Paulinho da Viola não poupa, na primeira faixa do álbum, nem o instrumento que, de tão incorporado a si, ajuda a construir o seu nome artístico; “Guardei Minha Viola” é um acerto melódico e rítmico que mostra o compositor tomando medidas drásticas para tentar superar a desilusão amorosa. A lenta e íntima “Meu Mundo é Hoje (Eu Sou Assim)”, com belos lirismos, é um recado claro de que o artista não mudará suas convicções para ter um novo amor. A terceira, “Papelão”, é mais um convincente número que continua a escancarar, com ótimos arranjos, os sentimentos de um magoado e abandonado coração.
A poesia simples e triste de Nelson Cavaquinho marca sua presença na ótima releitura de “Duas Horas da Manhã”, um momento pra lá de dramático, perfeitamente inserido nos sentimentos doloridos do álbum. A quinta faixa, “Ironia”, mostra que o sofrimento pode ser acentuado através das recepções irônicas de terceiros, que só machucam ainda mais um peito já ferido. Uma faixa diferente do disco, que basicamente apenas retrata uma festa legítima dos morros cariocas, “No Pagode do Vavá” é um bem-vindo momento de diversão, apesar de um pouco deslocado, em meio a tantas canções tristes. A sétima canção é o clássico que, de forma perfeita, emprestou seu título ao álbum, sendo uma das mais brilhantes e famosas composições de Paulinho da Viola.
O grande Cartola foi um dos artistas que mais inspiraram Paulinho da Viola, e a presença de uma canção sua em um registro tão íntimo pode ser considerada uma prova disso; “Acontece” marca sua presença no álbum com uma veia poética bela e triste. A nona é a igualmente ótima “Coração Imprudente” que, perfeitamente produzida, acaba soando mórbida ao mostrar que há como retirar os espinhos do coração – mas apenas para ele voltar a doer novamente. “Orgulho” é mais uma canção de profunda melancolia, mostrando que ainda há como o álbum surpreender o ouvinte, utilizando versos ásperos, mas que em nenhum momento fazem Paulinho da Viola abandonar sua classe.
A formidável “Falso Moralista” é outra releitura perfeitamente inserida no disco, dessa vez utilizando uma composição de Nelson Sargento, com quem Paulinho já havia trabalhado nos anos sessenta, no projeto “A Voz do Morro”. A última, “Passado de Glória”, é uma homenagem repleta de saudosismos à escola de samba da Portela, soando nostálgica ao falar do carnaval de antigamente.
É incrível como Paulinho da Viola conseguiu elucidar as dores de um coração solitário com tanta classe. Utilizando bases rítmicas sólidas, melodias impregnantes e muito sentimento do início ao fim, o sambista tratou as tristezas de forma única, cantando-as de forma elegante e jovial, sem escorregar em desesperos que poderiam diminuir a qualidade de sua obra. Enfim, com tantos acertos, com tanta boa música, não há como não alocar o poético “A Dança da Solidão” entre os maiores clássicos da música brasileira, principalmente quando falamos dos mais íntimos e tristes sentimos."
Para saber um pouco mais sobre Paulinho da Viola, acesse o link abaixo:
Baixe o disco clicando no link ao lado: A Dança da Solidão (OBS: Caso não haja visualização da pasta com as faixas, clique em Download e depois em Fazer download mesmo assim)
Referências- https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Dan%C3%A7a_da_Solid%C3%A3o#Ficha_t%C3%A9cnica
- http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Disco=DI01051
- https://sambaderaiz.org/albuns/a-danca-da-solidao-paulinho-da-viola-1972/
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