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Paulinho da Viola - A Dança da Solidão | 1972


Álbum: A Dança da Solidão
Artista: Paulinho da Viola - "Paulo César Batista de Faria"
Ano: 1972
Gravadora: EMI-ODEON
Arranjos: Maestro Gaya
Produção: Milton Miranda
Direção: Maestro Gaya

Informações
  • Player com as músicas do disco está disponível logo após as faixas.
  • Infelizmente a ficha técnica não traz créditos aos músicos.
Faixas

1) Guardei Minha Viola
(Paulinho da Viola)


2) Meu Mundo é Hoje
(José Batista/Wilson Batista)


3) Papelão
(Geraldo das Neves)


4) Duas Horas da Manhã
(Ary Monteiro/Nelson Cavaquinho)


5) Ironia
(Paulinho da Viola)


6) No Pagode do Vavá
(Paulinho da Viola)


7) Dança da Solidão
(Paulinho da Viola)


8) Acontece
(Cartola)


9) Coração Imprudente
(Capinan/Paulinho da Viola)


10) Orgulho
(Capinan/Paulinho da Viola)


11) Falso Moralista
(Nelson Sargento)


12) Passado de Glória
(Monarco)


Aperte play para ouvir todo o disco ou toque no nome da faixa que deseja ouvi.

Hoje é aniversário do grande mestre Paulinho e o #DiscosQueOuvi presta esta singela homenagem.
É só dar o play e começar a "dançar com a solidão" !
Divirtam-se !
#ParabénsPaulinho
#Paulinho76

Gostaria de compartilhar também este belo texto do rpblogging escrito por Renan Pereira. Lá vai !

"Paulinho da Viola foi um dos mais bem-sucedidos compositores do nosso país em uma época em que a música popular brasileira encontrava-se efervescente, apesar das dificuldades impostas pela censura. O início dos anos setenta, foi sem dúvida, um marco divisório para a nossa cultura, que ainda ecoando os sentimentos tropicalistas, ofereceu novas possibilidades estéticas para a nossa música. “Transa”, “Expresso 2222”, “Acabou Chorare”, a estreia dos Secos & Molhados… Se fossem citados todos os discos que, lançados naquela época, viriam a marcar para sempre o seu nome na história da música brasileira, este texto se estenderia demais. O fato é que, em meio a tanta produção, se destacar não era algo fácil. Mas Paulinho da Viola, com sua música classuda e inteligente, conseguiu tal feito – o que não chega a ser, na realidade, uma grande surpresa.

Paulo César Batista de Faria havia começado sua carreira como sambista ainda no início dos anos sessenta, mas foi apenas em 1968 que ele teve a oportunidade de lançar seu primeiro trabalho em carreira solo; sua estreia, o disco “Paulinho da Viola”, já mostrava que uma brilhante carreira ali se consolidava – o que acabou sendo comprovado pelos trabalhos que o sucederam.

Embora seja muito difícil apontar qual é o melhor álbum da carreira do sambista (“Foi um Rio que Passou em Minha Vida” é uma espécie de lugar-comum, talvez pelo êxito de sua faixa-título), estão em “Dança da Solidão” seus momentos mais íntimos e confessionais. É como se, em um único álbum, o músico deixasse fluir todos os seus sentimentos, motivado por uma constante que envolve todo o registro: a solidão. Ao contrário do trabalho de muitos sambistas da época (e até mesmo do que Paulinho havia feito até aquele momento), a musicalidade do disco não parece ter sido obtida ao redor de uma mesa de boteco; amparado por sua viola, Paulinho acaba nos entregando um registro que soa como se tivesse saído do cenário mais caseiro do sambista, fazendo o ouvinte criar na mente a constante imagem do artista, sentado em sua cama, a disparar todas as suas emoções através dos tocantes acordes de seu instrumento.

Mas os aspectos caseiros do registro não atingem a sua produção, que, acertada ao extremo, dá destaque maior à Paulinho e sua viola através de um som límpido, lapidado, capaz de tornar a capacidade rítmica do samba apenas um plano de fundo para as concepções desiludidas de Paulinho. Algumas faixas até podem trazer uma base mais alegre, com aspectos visivelmente festivos, mas, no fundo, apenas mostram apenas o compositor a tentar superar sua tristeza. Do início ao fim do registro, é a solidão que dá as caras.

Como um tenista que destrói a sua raquete quando não está feliz com o seu jogo, Paulinho da Viola não poupa, na primeira faixa do álbum, nem o instrumento que, de tão incorporado a si, ajuda a construir o seu nome artístico; “Guardei Minha Viola” é um acerto melódico e rítmico que mostra o compositor tomando medidas drásticas para tentar superar a desilusão amorosa. A lenta e íntima “Meu Mundo é Hoje (Eu Sou Assim)”, com belos lirismos, é um recado claro de que o artista não mudará suas convicções para ter um novo amor. A terceira, “Papelão”, é mais um convincente número que continua a escancarar, com ótimos arranjos, os sentimentos de um magoado e abandonado coração.

A poesia simples e triste de Nelson Cavaquinho marca sua presença na ótima releitura de “Duas Horas da Manhã”, um momento pra lá de dramático, perfeitamente inserido nos sentimentos doloridos do álbum. A quinta faixa, “Ironia”, mostra que o sofrimento pode ser acentuado através das recepções irônicas de terceiros, que só machucam ainda mais um peito já ferido. Uma faixa diferente do disco, que basicamente apenas retrata uma festa legítima dos morros cariocas, “No Pagode do Vavá” é um bem-vindo momento de diversão, apesar de um pouco deslocado, em meio a tantas canções tristes. A sétima canção é o clássico que, de forma perfeita, emprestou seu título ao álbum, sendo uma das mais brilhantes e famosas composições de Paulinho da Viola.

O grande Cartola foi um dos artistas que mais inspiraram Paulinho da Viola, e a presença de uma canção sua em um registro tão íntimo pode ser considerada uma prova disso; “Acontece” marca sua presença no álbum com uma veia poética bela e triste. A nona é a igualmente ótima “Coração Imprudente” que, perfeitamente produzida, acaba soando mórbida ao mostrar que há como retirar os espinhos do coração – mas apenas para ele voltar a doer novamente. “Orgulho” é mais uma canção de profunda melancolia, mostrando que ainda há como o álbum surpreender o ouvinte, utilizando versos ásperos, mas que em nenhum momento fazem Paulinho da Viola abandonar sua classe.

A formidável “Falso Moralista” é outra releitura perfeitamente inserida no disco, dessa vez utilizando uma composição de Nelson Sargento, com quem Paulinho já havia trabalhado nos anos sessenta, no projeto “A Voz do Morro”. A última, “Passado de Glória”, é uma homenagem repleta de saudosismos à escola de samba da Portela, soando nostálgica ao falar do carnaval de antigamente.

É incrível como Paulinho da Viola conseguiu elucidar as dores de um coração solitário com tanta classe. Utilizando bases rítmicas sólidas, melodias impregnantes e muito sentimento do início ao fim, o sambista tratou as tristezas de forma única, cantando-as de forma elegante e jovial, sem escorregar em desesperos que poderiam diminuir a qualidade de sua obra. Enfim, com tantos acertos, com tanta boa música, não há como não alocar o poético “A Dança da Solidão” entre os maiores clássicos da música brasileira, principalmente quando falamos dos mais íntimos e tristes sentimos."

Para saber um pouco mais sobre Paulinho da Viola, acesse o link abaixo:
Baixe o disco clicando no link ao lado: A Dança da Solidão (OBS: Caso não haja visualização da pasta com as faixas, clique em Download e depois em Fazer download mesmo assim)
Referências
  • https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Dan%C3%A7a_da_Solid%C3%A3o#Ficha_t%C3%A9cnica
  • http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Disco=DI01051
  • https://sambaderaiz.org/albuns/a-danca-da-solidao-paulinho-da-viola-1972/
Colaboradores:
Web Interface: Felipe Kogati, Leonardo Honório


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